Oi galera!! Hoje o texto publicado não será escrito por mim, e sim por uma aluna muito querida. Ela fez este texto contando como o surf entrou na sua vida e detalhou seu ponto de vista em relação as emoções e sensações vividas por quem tem o primeiro contato com o surf, além de relatar como nos conhecemos e tornei-me a professora de surf da família.
Achei sua descrição sobre o surf muito interessante e postei aqui para compartilhar com vocês que já passaram um dia por este primeiro contato; e também para atrair aqueles que ainda não tiveram esta oportunidade.
Com a palavra (rss), Carla Kawamura:
"Maresias tem ondas perfeitas. A praia é dos surfistas na maior parte do ano. E eu era claramente da turma que ficava do lado de cá, sentada na areia com um livro na mão.
Mas aquela espécie de balé nas ondas me hipnotizava. Eram como cavaleiros tentando dominar um cavalo selvagem, indomável, sem cabresto. Eles enfrentavam o mar de qualquer tamanho, pequenos Netunos decifrando os ventos, as séries e os intervalos.
Depois de um ano de observação eu larguei o livro e peguei a prancha pra tentar ler uma coisa bem mais difícil e muito mais emocionante: o mar.
Morando em Maresias, descobri que o mar é cada dia de um jeito..
Assim como a gente abre a janela pra ver se tá chovendo ou se tá calor antes de sair. A gente tem que olhar todo dia o mar antes de entrar. Mesmo os instrumentos de previsão mais avançados são sempre surpreendidos pela natureza.
E o surf é um esporte que integra totalmente o ser humano com a natureza. É uma declaração de amor a ela. Uma relação que não pode existir sem respeito. Diferente do hipismo, onde o homem tenta controlar o cavalo com equipamentos, remédios e testes de performance. O surfista não quer dominar nada, quer apenas se entregar `a onda e participar daquele cenário perfeito assim como o sol, o céu e o mar. Assim como todos os apaixonados deveriam ser.
Nunca tinha surfado. Sempre fui nadadora, gostava de mar flat e jamais imaginei que seria tão bom ficar de pé numa prancha e surfar.
Não sei se foi a adrenalina, a energia das ondas, aquele visual, mas a partir daquele momento … uma chavinha virou, um bichinho mordeu, é difícil explicar, quem sentiu sabe do que eu estou falando, mas alguma coisa mudou .Eu mudei, o mar mudou, eu descobri um outro jeito de ver a natureza e fazer parte dela.
Mas como em qualquer paixão você se machuca. Na minha sexta aula eu me estabaquei toda, fiquei com uma dor horrível na costela e voltei a surfar só 3 meses depois.
O inverno chuvoso passou e eu só pensava naquilo, queria surfar pra viver aquela emoção que não existe em nenhum outro lugar.
Foi quando eu tive a sorte de conhecer a Bruninha Queiroz, poderia dizer que foi um presente do mar, de Iemanjá. Depois que eu comecei a fazer as aulas com ela a minha admiração pelo surf só aumentou. A minha e a das minhas filhas porque o bichinho picou todo mundo lá em casa.
A Bruna tem nos ensinado mais do que surfar. As nossas aulas de surf são um exercício de paciência, de concentração, de colaboração e de inteligência. É muito difícil saber o momento exato da explosão, entrar no lugar certo, a cabeça tem que estar mais preparada do que os músculos.
O surfista tem que pensar rápido e ter sensibilidade para captar o detalhe de cada onda que se forma lá no horizonte. Porque depois é só prazer.É tanto prazer que se torna um vício.Talvez se eu tivesse começado mais jovem não teria tanta vontade de aprender. O tempo parece mais curto, a sensação parece mais intensa e eu tento aproveitar cada onda como se fosse a última.
Faço aulas com a Bruna desde novembro. Ligo pra ela quase todos os dias pela manhã para saber a melhor hora pra gente entrar.Lá em casa, eu e as meninas disputamos o melhor horário do dia. Disputamos a Bruninha. Porque as nossas aulas são sempre uma delícia.
Acompanhamos o surfguru, temos roupinhas de surf, assistimos os videos da O’neill, os programas de esporte, os documentários , adoramos passar e remover parafina, adoramos ficar no mar até anoitecer, adoramos estar nisso juntas.
Digo pra elas que eu imagino que daqui a alguns anos elas vão estar surfando super bem e eu mais ou menos. Porque vai ser muito mais difícil remar com a bengala."